Dos muitos ciclistas que surgiram em São Paulo, inclusive a que vos escreve, a coragem de encarar a rua só veio depois de muitas pedaladas no Parque do Ibirapuera e nas ciclofaixas de domingo utilizando as simpáticas bicicletas compartilhadas. Você não arca com os custos e responsabilidades de ter uma bicicleta, colabora com a criação de demanda por mais estruturas cicloviárias e ainda checa se ainda sabe mesmo pedalar, já que o paulistano andava meio enferrujado, mesmo.
Aqui pra esse lado do Rio Pinheiros, no entanto, não dá para chegar com as laranjinhas porque não há onde devolvê-las depois. Se elas estão descritas no Plano Diretor como componente do sistema cicloviário, porque a parte mais periférica da Zona Oeste, que já está cheia de ciclovias, não tem nenhuma estação?
As bicicletas compartilhadas abrangem apenas 10% do nosso território, e isso ainda não deve mudar. Em maio de 2012, o plano do Bike Sampa (as laranjinhas) compreendia 300 pontos com 3.000 bicicletas, divididos em 3 etapas, a serem implantadas em 3 anos. Atualmente – setembro de 2015 – há 239 estações, com um número impreciso de bicicletas devido a manutenção e furtos, por exemplo. Além disso, há cada vez mais discussões sobre a falta de bicicletas nas estações, ausência de manutenção e falhas na operação dos sistemas de auto-atendimento.
Isso porque a parceria entre a Prefeitura, Itaú e a empresa Serttel terminou em maio de 2015 e um novo edital já era planejado para que houvesse novas propostas para gerir o Sistema Público de Bicicletas. A nova parceria promoveria a unificação dos sistemas de compartilhamento BikeSampa e CicloSampa (as vermelhinhas, parceria com o Bradesco Seguros), o conectaria com o transporte público e municipal e ampliaria a área de abrangência para outras regiões da cidade. O edital foi lançado, mas o TCM (Tribunal de Contas do Município) pediu o adiamento do “chamamento público” devido a questionamentos diversos das empresas interessadas, como regras restritivas (necessidade de experiência no ramo) e a quantidade de estações muito acima do que, pelo que alegaram, seriam capazes de implementar em um só lote (mais 400 estações ❤ ). A localização das estações, no entanto, ficaria a cargo da empresa vencedora, e sairia na frente aquela que planejasse mais estações em um território mais abrangente ( <3).
Enquanto esse chamamento não é desenrolado, novas estações não podem ser colocadas, mesmo que o sistema ainda esteja sendo mantido pelas empresas – com as falhas citadas. Não há prazo para usarmos as bicicletas compartilhadas no restante da Zona Oeste, mas devemos desde já acompanhar mudanças que venham a ser feitas no edital e cobrar a implantação adequada do sistema escolhido.